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29 de novembro, dia internacional de solidariedade com o povo Palestino


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Por Rafael Araya – Presidente da Confederação Palestina Latino-americana e do Caribe (COPLAC)

No mês de dezembro de 1977, a Assembleia Geral da ONU aprovou a declaração do dia 29 de novembro como o Dia Internacional de Solidariedade com o Povo Palestino. Como uma forma de recordatório às nações e povos do mundo que na Palestina existia e existe uma dívida pendente da comunidade internacional que, anos atrás, um 29 de novembro de 1947, havia resolvido a partição da Palestina em dois estados, um judeu e outro árabe-palestino, sem consulta prévia de nenhum tipo à população originária que ali habitava. Ou seja, foi a imposição da uma nascente ONU em mãos das potências vitoriosas da II Guerra Mundial, a um povo árabe que vivia e habitava por muitíssima gerações nas terras da toda a Palestina histórica. Como se as culpas ocidentais pela tragédia do Holocausto padecido pela população judaica de uma Europa, arrasada a sangue e fogo pela perversidade do regime nazista, tivesse que ser paga pelo povo palestino à custa de suas vidas, seu exílio, sua expropriação e sua opressão sempiterna sob um brutal regime militar imposto por Israel que perdura até nossos dias.

Porque basta recordar que até os anos 30, naquele território conviviam em paz cristãos, judeus e muçulmanos. Comerciando, partilhando seu dia a dia e onde ninguém perguntava a outro que religião professava para estabelecer um vínculo de amizade e cooperação. Ou seja, isto nos dá a ideia cabal de que o conflito ali carece de qualquer raiz religiosa e, pelo contrário, falamos de um conflito baseado em um projeto de caráter colonialista, no qual uma ideologia da caráter nacionalista – o sionismo – subiu às costas do judaísmo para buscar uma justificativa religiosa baseada na premissa de que aquelas terras foram dadas por Deus, nem mais nem menos, e que assim o assegura a Bíblia. Resumindo, transformaram Deus em um agente imobiliário e a Bíblia em um título de propriedade.

E foi sob essa premissa que levaram a cabo sua política de expulsão e um processo de limpeza étnica que perdura até nossos dias, e que significou o exílio forçoso de quase 800 mil pessoas, quando ali havia em torno de 1.100.000 habitantes. Havia que conquistar a maior quantidade de terra possível com a menor quantidade de habitantes originários que pudessem. E ficaram com suas casas, com seus bens, com suas hortas, seu olivares, todos os seus pertences em uma voragem de dinamitar aldeias, fuzilamentos, massacres de aldeias completas, para que hoje nos falem de que essa foi sua “guerra de independência”. Uma série de ataques terroristas contra a população civil praticamente inerme, sem possibilidade de resistir mediante a luta armada, salvo exceções de grupos que se opuseram à ocupação da Palestina. Guerrilhas dispersas que não podiam competir com bandos armados por países europeus, nem com o equipamento que lhe deixaram os ingleses uma vez que terminaram o mandato que tinham sobre a Palestina, e se retiraram.

É longa, é uma história de 74 anos da Partição da Palestina e 54 anos da ocupação do território, manu militari, que se perpetrou com a Guerra dos Seis Dias em junho de 1967, quando o exército israelense ocupou toda a margem ocidental, inclusive Jerusalém Ocidental e a Faixa de Gaza.

Grosso modo, esta é a síntese do que levou a ONU a declarar o dia 29 de novembro como Dia Internacional de Solidariedade com o Povo Palestino, para ajudar a manter viva a consciência universal de que existe uma injustiça que continua sem solução, que existe uma comunidade internacional que havendo gerado o problema, tem se mostrado absolutamente incapaz de resolvê-lo de acordo com as pautas e normas que regem a lei internacional.

Como contrapartida, temos a infinita solidariedade dos povos do mundo. A daqueles que se manifestam permanentemente exigindo o respeito ao direito à livre autodeterminação do povo palestino, para que construa uma pátria soberana em sua própria terra, aquela que lhe é negada de maneira draconiana pela ocupação militar.

Palestina é um povo em luta, e os povos que lutam por seus direitos, chegam mais cedo que tarde a conquistar sua liberdade e sua independência.

Buenos Aires, novembro de 2021

Rafael Araya Masry, Presidente da COPLAC – Confederação Palestina Latino-americana e do Caribe e Deputado Membro do Conselho Nacional Palestino

Tradução: Beatriz Cannabrava,  Revista Diálogos do Sul

Publicado em espanhol:

REBELIÓN https://rebelion.org/701334-2/ e ALAI: https://www.alainet.org/es/articulo/214479

 

 

 

 

 

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